SAIA DA CRISE MAIS FORTE

14/08/2017

Em algum momento a crise pela qual o Brasil está passando vai acabar, mas será que as empresas estarão preparadas?

Conversando com empresários de diversos setores e regiões do país constatei que as empresas estão empenhadas em desenvolver soluções para a melhoria da performance financeira e operacional, o que é compreensível, porém deixando em segundo plano o planejamento estratégico que é fundamental para a liderança do mercado.

De acordo com o boletim Focus do Banco Central, principal referência das previsões econômicas, o PIB de 2017 será de 0,4%, com uma inflação de 3,5% e, respeitando a mesma ordem, em 2018 o crescimento do PIB será de 2,1% e inflação de 4,3%. Após três anos o país voltará a crescer, finalmente.

Para a maioria das empresas a retomada da economia com inflação comportada e taxa de juros menos onerosa é a combinação necessária para melhorar as vendas e a lucratividade, estes são elementos fundamentais para as empresas voltarem a contratar. Lembrando que o Brasil atingiu no primeiro semestre de 2017 mais de 14 milhões de desempregados, efeito negativo no consumo.

Não é prudente descartar a delicada situação da política do país, mas por ora, é possível identificar um pequeno descolamento dela com a economia graças ao efeito multiplicador da super-safra de grãos, que provavelmente se repetirá em 2018, e da disposição do setor produtivo. Conforme um empresário parafraseou “a política é essa aí que temos, porém, eu preciso colocar os caminhões para rodar, vou atrás de novos clientes e tirar o que puder de produtividade…”. Esse é o Brasil real.

Mas como sair da crise mais forte? A resposta mais adequada envolve focos em três áreas fundamentais das empresas: financeira, operacional e comercial. A financeira é na veia e visa reestruturar ao máximo o endividamento, pois numa retomada das vendas será necessária financiá-las. O operacional envolve elevar a máxima potência a automação e a robotização, pois o custo do trabalho no Brasil é elevado e a mão de obra geralmente mal capacitada. Por fim o comercial, que está demandando cada vez mais instrumentos sofisticados de dados (big data) e novos meios de comercialização, como o e-commerce. Essas são as dicas.

Ricardo Jacomassi

Diretor de Investimentos e de Estudos Econômicos na TCP Latam.

Atuou como economista-chefe reportando ao conselho do Sindipeças que é constituído por cerca de 500 empresas do setor de autopeças. Experiência no desenvolvimento de análise econômica de 14 setores da economia.

Graduado em Economia pela PUC/SP e cursando Engenharia da Produção na UNISA, com extensões em Econometria pela FIPE e Macroeconomia pela CEPAL/ONU.